quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esquece-se de ter sido.


Em quatro linhas o poema se exibiria.
Em quatro estrofes se faria a rima
.
Em quatro horizontes se esconderiam os significados.
Entre quatro pôres-de-sol em uma terra estrangeira
.
Isso são felicidades, de um trem, passageiras.
Alegrias aduaneiras
.
[C]Sem pesos.
Un beso.
Ensejo
.

- Cut ∆way.

*feito em homenagem à um poema de quatro linhas, sonhado e esquecido, longe daqui.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Não.


Normal, aceitável, comum.
Racionalizável, compreensível.
Entenda ou caia, como andar de bicicleta.
Tarde demais pra explicar porque não querer.
Normatizar, aceitar, tornar comum.
Racionalizar, compreender.
Sentir.
Arder, pesar.
Destilar, beber, calejar.
Tornar forte o músculo necessário e seguir em frente.
Mas, embora nunca se sabe exatamente onde é, tudo tem limite. Mantenha certas portas fechadas, certas luzes apagadas.
E a curiosidade talvez não se tornará algo pesado demais.
E talvez possa ser carregada.
Me livrei do que me pesava, pra me preocupar com o que me pesa nos outros.
Mas nem tudo que se apresenta inteligente de fato o é.
E até mesmo a mais forte das pessoas tem fraquezas, e nem todas as fraquezas podem ser fortalecidas facilmente.
Cuidado é uma palavra bonita, de dois gumes.
E corta indiscriminadamente.

- Cut ∆way
.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Repetição.


Escrito o verbo, por falta de opção.
Descrito está, substantivando e trazendo essência ao que não brilha mesmo que se queime. Escrever é também a arte de não saber o que dizer, mas ter a capacidade de dizê-lo mesmo assim, se parafraseado nas entrelinhas, sem nem saber-se ser, como é, está e nunca permanecerá.
O que fazemos não é concreto, não é visto por todos, exige-se atenção e capacidade, uma sagacidade rara e crua para compreender os entremeios dos vocabulários à mostra, e o sangue que pulsa nas letras, que vai para as músicas, que enfeitam as notas, que pedem os ritmos, buscam a melodia, o jogo das popas gramaticais.
Quem escreve se perde no ar, esquece quem é pois se vomita debruçado sobre teclados e papéis, escrever é arte, e a arte se joga para fora do senso, pra fora do dentro e pra fora do fora, do mundo.
Hoje a rima não foi alcançada, a frase não veio, o efeito passou e a vontade da forma não se cumpriu, e quem escreve sabe que a forma importa tanto quanto a função, pois a faca não é nada sem o fio que corta sem discriminação a carne do animal e do caçador, que abre vesículas e expõe tendões, que salva e extirpa tantas vidas no meio de suas utilidades.
Um instrumento com um cabo e sob controle, é tão perigoso quanto um sem nenhum ou com apenas um dos dois.
Portanto, cuidado com as palavras cortantes, com as lembranças mal contadas e com orelhas mal curadas.
Porque isso pode doer pra caralho.


- Cut ∆way.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Pretérito presente futuro.


Podia ter menos impulso, mas daí seria menos quente.
Pode perder a velocidade,
mas não sem antes a diferenciar da pressa.
É a pressa que é inimiga da perfeição, a velocidade só aumenta os riscos..
..e aumenta a emoção..
..e aumenta tudo que rima.

Calibrados os pneus, revisado o motor, cheio o tanque.
A estrada é uma serpente de mãos triplas, e como chocalho tens o som de instrumentos e vozes rasgadas.
Revesemos a direção, revesemos os caminhos.
Só não vá se revesar de mim.


- Cut ∆way.

Nouvelle Vague - The killing moon



Under blue moon I saw you
So soon you’ll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know it must be the killing time
Unwillingly mine

Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him

In starlit nights I saw you
So cruelly you kissed me
Your lips a magic world
Your sky all hung with jewels
The killing moon
Will come too soon

Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him

Fate
Up against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him

Under blue moon I saw you
So soon you’ll take me
Up in your arms
Too late to beg you or cancel it
Though I know it must be the killing time
Unwillingly mine
Unwillingly mine


sábado, 31 de julho de 2010

Para dogma, para stigma.




E andando pela vida, as vezes à trabalho, as vezes à passeio, estamos sempre procurando nos outros justificativas para sermos quem somos, dizendo que as qualidades são individuais e os defeitos, coletivos. E o mérito é cobrado, e a meritocracia vem à tona, sem lembrarmos que tudo que fazemos de bom também passa pela idéia dos outros, e se é bom, é bom para alguém ou para uma filosofia, um paradigma.
Antes da inteligência, seguida pela oportunidade aproveitada, antes da capacidade, antes do erro e do acerto, antes do preto e do branco, antes, antes de Deus, ante a vida, ante a morte, perante, durante, após.

Vida, e ciclos, e [retro] alimentação.

Portanto, para tanto, cante as notas mais cortantes, m
as corte as carnes mais suculentas. Não se alimente de restos. Não fale besteiras, se não tiver capacidade de revê-las depois. Seu nome, seu corpo, é todo memória, é todo consciência, própria e alheia.
Todo, inteiro, vivo.

E se for se matar, se seu drama se provar sincero..


..faça isso longe daqui.

- Cut ∆way.

Linkin Park - Numb


I'm tired of being what you want me to be.
Feeling so faithless, lost under the surface.
I don't know what you're expecting of me.
Put it under the pressure
Of walking in your shoes.
(Caught in the undertow, just caught in the undertow)
Every step that I take is another mistake to you
(Caught in the undertow, just caught in the undertow)


I've...become so numb,
I can't feel you there.
I've become so tired,
So much more aware.
I've becoming this,
All I want to do
Is be more like me
And be less like you.

Can't you see that you're smothering me?
Holding too tightly, afraid to lose control.
'Cause everything that you thought I would be
Has fallen apart right in front of you.
(Caught in the undertow, just caught in the undertow)
Every step that I take is another mistake to you
(Caught in the undertow, just caught in the undertow)
And every second I waste is more than I can take!


I've...become so numb,
I can't feel you there.
I've become so tired,
So much more aware.
I've becoming this,
All I want to do
Is be more like me
And be less like you.

And I know:
I may end up failing, too.
But I know:
You were just like me, with someone disappointed in you.


I've...become so numb,
I can't feel you there.
I've become so tired,
So much more aware.
I've becoming this,
All I want to do
Is be more like me
And be less like you.

I've...become so numb,
I can't feel you there.
(I'm tired of being what you want me to be)
I've...become so numb,
I can't feel you there.
(I'm tired of being what you want me to be)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Palavras repetidas, que nunca são ditas.

E assim, sendo errante e errado, troquei dois passos com o escuro revelador, escrevi meio par de vários textos, critiquei sem olhar no espelho, reagi apenas, não fiz por não fazer, fui e criei confusão em vidas distantes, próximas e tão díspares que nem me lembro de onde surgiram.
Falei tanto sobre mim falando mal dos outros que me perdi entre o verbo crer e esquecer. E lá vem de novo as velhas expressões e o velho vocabulário quebrando a rocha fina da minha consciência.
E esse eu quebrado e composto de tantos vocês se esvazia e se confunde. Estranho, o vazio se mostra como uma posição inerente minha, e o drama das palavras supre uma necessidade egoísta de me mostrar assim. Um cara valente, como diria Maria, uma pessoa que por definição do Gessinger, na falta de algo melhor, não se deixou faltar coragem. Já disse Chico que favores não foram feitos e nem seu dinheiro fora emprestado. Eu, pelo contrário, fiz tantos favores e emprestei de mim tantas coisas mais e além de dinheiro que tenho até vergonha de cantá-lo. Ouvi tanto um tal de Paulinho que passei a sofrer e rir de seus fatos cantados com tanta paixão e medo que não foram poucas as vezes que me peguei pensando se não teria sido eu a escrever aquilo. É sempre assim, como diria Russo, que era latino americano: "eu não tenho vergonha de cagar, eu não tenho vergonha de mijar porque eu não me incomodo de comer, não tenho problema me dormir e também não tenho medo de sonhar."
E meu medo incipiente de errar e de jogar tais erros para fora de mim se reflete na necessidade de acertar e de me alimentar de acertos. Meu sono, diferente do meu troco, é pouco, quase nada, mas me vale pois é apenas meu, embora possa ser acompanhado. E quando sonho sigo as palavras de Rudyard de não fazer do mesmo meu senhor.
Descobri que minha tristeza mais pura é a de perder meu posto vitalício de meu capitão, de mestre-sala dessa escola que sou eu. Hoje eu gastei meu verbo falando de mim e isso é criticável, mas também louvável se quem lê conseguir tirar algo disso, mesmo que seja uma péssima conclusão. Só não se esqueça que que eu, assim como você, não estou concluído até o momento que meu peito parar de arfar.
Espero que quem tenha passado os olhos por essas letras e se achado em algum verbo ou substantivo mal escrito encontre seus meios e metades, e que sempre sobre um fôlego pra recomeçar depois de cair. Entenda que eu me achei e me perdi por vontade própria, embora nunca pura e destilada como posso ter dito antes, mas minha assim como meus erros e meus acertos e as consequências dos mesmos, pessoais e intransferíveis.
Eu tentarei e acertarei novamente, e conseguirei mesmo que parcialmente, serei e farei felicidade com base nos meus erros aprendidos anteriormente.
Um salve então, aos que estão vivos e assim como eu, sobrevivendo.

- Cut ∆way.

Legião Urbana - Se fiquei esperando meu amor passar



Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que então, eu não sabia amar
E me via perdido e vivendo em erro
Sem querer me machucar de novo
Por culpa do amor
Mas você e eu podemos namorar
E era simples: ficamos fortes
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Sei rimar romã com travesseiro
Quero a minha nação soberana
Com espaço, nobreza e descanso.
Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor, fazer sentido
Começo a ficar livre
Espero, acho que sim
De olhos fechados não me vejo
E você sorriu pra mim..

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Medo, muito. [ou] Então é um, dois, três..



A estrada à noite é uma pintura, no contraste do escuro, à luz da lua e na penumbra dos postes, o zigue-zague dos perdidos ganha sentido, ganha direção, ganha velocidade e perde-os, no balançar dos parafusos, soltos. Ser contrariado e gostar disso é essencial, pois quando o oposto, tão semelhante, se joga sobre suas idéias e a letra "o" se torna "dis", o mundo para pra olhar e ouvir.
O show que a vida proporciona, essa vida que se confunde e se funde, de olhos abertos não quer enxergar, de olhos fechados ainda assim quer andar, e tateando pouco a pouco, se acha, se perde, e ao encontrar, duvida, e ao duvidar renasce, mata, e morre.
E a ode do perder e ganhar ganha outra nota.
Antes que o tempo, a clave, sustenidos e bemóis.
Antes do inteiro, a metade, e uma outra parte de nós.


- Cut ∆way.

Alter Bridge - Burn it down



Drank so much last night
I think that I drowned
But now my cup is empty
No one has seen my will around
Now my heart is aching
Sometimes I fall asleep for days
But my bed is empty
I know I'm too set in my ways
Tell 'em all I'm okay

So burn it down
Discover the dusk of your day
Has reached it's dawn
So burn it down
Remember to find a new way
To carry on

Flew so high last night
I think that I fell
To the ground so heavy
Woke up to find this living hell
It used to be so easy
Hard to tell my nights
Now from my days
The curtains hide my feelings
Don't feel I have any right to pray
And will they find me someday
Someday

So burn it down
Discover the dusk of your day
Has reached it's dawn
So burn it down
Remember to find a new way
To carry on

So burn it down
Discover the dusk of your day
Has reached it's dawn
So burn it down
Remember to find a new way
To carry on

And whatever takes us away
Will be the same to drive us on
And whatever takes us away
Will be the same to drive us on

Remember to find a new way
A way to see it all
It's finally slipping away
Soon it will be gone
Remember to find a new day
Remember to carry on

So burn it down
Discover the dusk of your day
Has reached it's dawn
So burn it down
Remember to find a new way
To carry on

So burn it down
Discover the dusk of your day
Has reached it's dawn
So burn it down
Remember to find a new way
To carry on

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sonífero. [poema]


Não vejo o mundo com os mesmos olhos
Não me vejo no espelho como deveria
Espero a vida me causar mais uma virada
Fico à deriva do destino que me pega do nada

Tudo às vezes se torna tão óbvio
Nada, às vezes, fica visível
Porque nós estamos aqui se é ali que acontece?
Me dê uma razão para eu escapar
Mas não me fale como irei fazer

Nunca precisei tanto que encontrasse
Nunca quis tanto me jogar
Às vezes, pareço preso em uma armadilha
Como mais um perdido que cai
Demorei para perceber e nunca vou entender

Agora nada significa
Alguém tem coragem?
Não quero acordar
Mas nem penso em viajar


_Felipe Cusiano

Em grande parte, escrito às 7 da manhã.

Eu sou assimétrico.
Até quando desenho um quadrado, sem régua, cada face tem um desenho diferente, e cada desenho é mais ou menos detalhado que o outro. E apenas três faces se mostram.
Muitas vezes, a dor de uma topada no dedinho é quase identica a de uma facada no coração. E pelo que me lembre, já levei e dei mais facadas que topadas.
O que muda é o espectro, a incapacidade de se desvencilhar de tal dor.
Já menti, já difamei, já esperneei, já fiz de tudo que pode ser chamado de feio. E já fiz por onde me redimir.
Mas, por outro lado, também já fiz de tudo que pode ser chamado de bonito, pra compensar, por pura vontade, pra começar algo, só que essas coisas levam mais tempo pra voltar à memória, ou são ignoradas e esquecidas, mergulhadas na raiva.
Eu sei que quando se está confuso, as palavras usadas são confusas. Isso se mostra claramente também nas atitudes e assuntos já conversados que voltam a aparecer, por esforço, não por naturalidade. Eu sei porquê já fiz isso, fui e ainda sou incoerente, e por isso posso falar.
Palavras tem siginificados, por isso as escrevo. Por mais que pareçam confusas na hora, depois elas se mostram como ouro que é peneirado do barro.
Ninguém sabe da missa, mais do que o terço, muito menos eu. A diferença é aceitar e enxergar o que o terço tem a dizer, e não o que os outros dois te incitam a deduzir.
E vá por mim, nenhuma dor é exclusiva, todos podem e vão sentir certas coisas em determinadas situações, ainda mais quando se procura entrar nelas.
A solução é saber, perceber, ver sem querer ver, mas procurar e depois voltar com o ciclo, é falta de respeito consigo mesmo e com sua memória.
Tudo parecia certo, sabia-se que certas atitudes seriam tomadas e cada um levaria sua vida pra um lado. Só não sabia quem ia levar cada vida pra cada lado, mas esse 'sabia' é conjugado no passado, e se agora se sabe, não adianta ignorar e verborragiar. Não existe possibilidade de não esperar que depois de certas frases desferidas, não aceitar que as coisas mudem.
Todo mundo sabe, ninguém quer enxergar. E certas coisas invariavelmente vão para o lixo.
E quem tem a fama, nem sempre foi quem comprou as vacas.
Em certo momento da minha vida, entendi que tinha nascido. Daqui a muito tempo, espero conseguir entender que morrerei, e que isso é um fato. Bem ou mal, tudo termina.
Mas o que acontece no meio desses dois pontos, é meu.
Eu sou meu.

- Cut ∆way.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em fim.


Rir distrai, sorrir acalma, chorar estressa, e a vida alivia e aperta, esquece e lembra, machuca e as vezes até mata, mas bem cuidada, pode até curar. A perda muitas vezes, nos faz viver melhor.
Saudade dói, distorce.
Mas só quem não viveu, não sofreu.
Tá piegas.

Tá sofrido.
Tá vivido, e vívido.
Desbotará. E fim, enfim.
E quanto à paz? Essa eu desconheço, só conheço a calma, só conheço a cama na qual me deito, nos piores e melhores dias.
Muita pessoalidade, pra poucas pessoas.
Que seque o sangue, que estanque a ferida, pois lá vem a lâmina novamente, cortar tudo de novo.

- Cut ∆way.

The Who - Behind blue eyes

No one knows what it's like, to be the bad man

To be the sad man, behind blue eyes
No one knows what it?s like, to be hated
To be fated, to telling only lies

But my dreams they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

No one knows what it's like, to feel these feelings
Like I do, and I blame you
No one bites as hard, on their anger
None of my pain or woe, can show through

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

When my fist clenches, crack it open
Before I use it and loose my cool
When I smile, tell me some bad news
Before I laugh and act like a fool

And if I swallow anything evil
Put your finger down my throat
And if I shiver, please give me your blanket
Keep me warm, let me wear your coat

No one knows what it's like, to be the bad man
To be the sad man, behind blue eyes


terça-feira, 18 de maio de 2010

As paredes dizem.


O orgulho ferido, a arma carregada. O torcer para que a morte do alvo venha, para que ele se aleije. O receio do corpo inerte se levantar.
Podem ferir o corpo, a casca.
Mas a idéia pouco se machuca.
Uma, duas, três pichações e ainda há falta de nexo.
O tambor quase vazio.
A lua, invisível pelo sangue nos olhos, minguante. Logo, estará nova, logo estará crescente, estará cheia, e um dia minguará novamente.
É natural.

Quem procura acha, e o corpo inerte, agora cutucado, desperta a emoção da caça abatida, e você pode se servir.
Alimente-se, vá digerir, use a energia, seja promíscuo, se reproduza, elimine, defeque junto com as caças anteriores, e deixe ir. Só não ache que é invulnerável, até o mais forte dos caçadores pode ser caçado, e pode-se achar que é mais forte do que realmente é. E assim como suas crias, seu corpo também alimentará quem quer que seja.
Paciência, um dos diversos dias é deles.
Esbanje, mate a gula, porque esses dias passam. Seja primitivo e viva apenas o imediato.
Mas outros dias virão.

Não há vergonha em dizer que está triste. Não há vergonha em admitir que nem tudo nesse mundo pode ser vingado, ou que mereça. A vergonha está nos olhos de quem vê.
Às vezes se esquece, às vezes se releva, acaba-se lembrando a todo momento apenas do que não era real, do que a memória precisava gravar, para manter a ilusão.
A vergonha está em esquecer que a vida dói, e que é preciso pouco esforço para fazê-la doer mais. Mas, se a paz é fruto da guerra, sinto muito.
Quem traz a guerra à porta dos outros, vai sentí-la, e vai perceber que certas batalhas, por mais que tenham sido vitoriosas, não deveriam ter sido lutadas.
Isso vai doer, e assim como agora, no fim, tudo parecerá não ter sentido, mas o terá.


- Cut ∆way.

Lynyrd Skynyrd - Still unbroken


Broken bones, broken hearts
Stripped down and torn apart
A little bit of rust
I'm still running

Counting miles, counting tears
Twisted road, shifting gears
Year after year
It's all or nothing

But I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
No there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
But I'm not dead, at least not yet
Still alone, still alive
Still unbroken
I'm still alone, still alive
I'm still unbroken

Never captured, never tamed
Wild horses on the plains
You can call me lost
I call it freedom

I feel the spirit, in my soul
It's something Lord I can't control
I'm never giving up
While I'm still breathing

I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
No there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
I'm not dead, at least not yet
Still alone, still alive
Still unbroken
I'm still alone, still alive
Still unbroken

I'm still unbroken
Still unbroken

Like the wind, like the rain
It's all running through my veins
Like a river pouring out into the ocean

I'm out here on the street
But I'm standing on my feet
Still alive, still alone
Still unbroken
Yeah!

I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
Lord there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
But I'm not dead, at least not yet
Still alive, still alone
Still unbroken
I'm still alone, still alive
I'm still unbroken
I'm still alone, still alive
Still unbroken

I'm still unbroken
I ain't never going down
I'm still unbroken

terça-feira, 11 de maio de 2010

O corte, a cura.


Certa vez, um texto foi escrito. E esse texto, por sua vez, acabou por ser apagado. O motivo, hoje desconheço. A palavra lançada é uma faca de dois gumes, e o escritor deveria ter sido rasgado também. Espero que tais linhas não se percam na memória. A raiva, ou grande parte dela, contida naquele texto concluirá sua função, e se tornará mais indiferença, desapego. O primeiro amor veio, o segundo também. O coração rasgou, cicatrizou, calejou. Mudou de forma, de velocidade, de funcionamento. Mas ainda não parou de funcionar. Os erros se mostram, as miragens são queimadas pouco a pouco enquanto outras apontam no horizonte, é natural.
E o tempo a se esperar se torna essencial.
Só recue o suficiente, e nada além disso.
Além disso, é só arrependimento e mais sofrimento, mais energia gasta, e mais uma memória a ser recalcada.
O solo cáustico continua sendo a melhor maneira de infertilidade, mas até o mais infértil dos solos parece ter valor.

- Cut ∆way.

Vanguart - Para abrir os olhos


Eu devo ir
Não há mais sentido
Nos resta se juntar

Quem sou eu
Já não importa
Nem nunca importou

Que importa é o que te quebra em duas cidades
Que importa é o que te deixa tão transfuso

O que é a dor eu não entendo
Mas sinto apertar de leve o meu peito
Nas madrugadas quando estou a navegar

Faz quarenta dias que eu estou no meu barco a vela
Não me sinto tão sozinho, eu tenho meus amigos
Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu bebo

Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu não sou eu
E hoje eu não...

Que importa é o que te faz rachar as velas
Que importa é o que te faz abrir os olhos de manhã

Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Adeus, já é de manhã
A estrada espera
Já é de manhã

Adeus, já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã..

terça-feira, 4 de maio de 2010

A porta, entreaberta.


A tristeza bate na porta.
A maldita tristeza vem bater a porta.
Você aumenta o volume.
Ela continua batendo à porta, mais alto.
Você tenta ler alguma coisa, mas o som ligado não deixa.
A tristeza aumenta a força, só pra te irritar.
Você, iludido, acha que ela vai embora, então pra não incomodar, aumenta o volume do som e vai fazer sua janta.

A tristeza se irrita, e bota a porta no chão, furiosa, e destroi sua casa.
Vai dar trabalho, uma mudança as vezes é necessária, você podia estar enjoado da rotina e dos mesmos objetos sempre, só que a tristeza não para até quebrar tudo, e você vai sentir falta de algumas coisas, e vai chorar e ficar impotente, agachado no meio dos destroços.
Pela porta arrombada, vão entrar muitas outras coisas que em vez de agredir só sua casa, irão te agredir também, ou te fazer agredir outras pessoas.
Isso terá consequências, você é inimigo da tristeza, ela vai jogar tudo que ela tem contra você, e você, sem lar, sem apoio, ou vai apanhar até ela cansar de te bater, e vai entrar em um ciclo vicioso que não te levará a lugar nenhum.
A tristeza é uma visita social. Se ela vier a primeira vez, atender a porta é a melhor opção.
Pergunte como ela anda, pergunte de sua rotina, lhe sirva um drinque, um café. E quando tiver saturado dela, peça educadamente para ela ir embora. Quem sabe um dia, ela possa até te ligar antes de vir te ver, se brincar ela roubará algumas coisas da sua casa, dará seu endereço pras outras desgraças da vida humana, tudo pode acontecer. Mas com sua casa inteira, com você escolhendo o que fica a mostra pra ser roubado, escolhendo se vai deixá-la segura, ou se vai vender tudo e viajar, as coisas serão mais tranquilas e mais saudáveis.
O poder de escolha é inebriante, e o poder de enxergar através da mesma é a capacidade mais dificil de ser lidada.
Mas, ao fazê-lo, você terá motivos e razão para, inclusive, se achar que é necessário, agredir quem ama, com base para tanto.
Mas do contrário, será alguém com a marca da hipocrisia, que fala alto só porque tem alguém falando alto, que reclama, só porque dá razões pessoais para abordar alguém e apontar o dedo na cara. Será uma pedra que só é jogada pra todo lado, se esfacelando sem nem perceber.
A agressão também é uma face do amor, mas é a face do amor desfigurado, do amor mimado, que se consome na raiva e na culpa. Um dedo apontado levanta muita sujeira, causa asco, nojo, rejeição, e só é apontado pros outros pra distrair as atenções de si mesmo.
Um dedo em riste é a virtude dos hipócritas.

Ninguém é culpado pelo que você faz, a culpa é sua, e só sua, engula ela como quem toma remédio, como quem toma veneno pra se tornar imune. Se for bater, lembre-se de que está se expondo a apanhar também, se for bater, não assopre depois. Se for bater, esteja preparado pra apanhar de volta, quem bate se torna dependente da capacidade do outro revidar, quem bate depende.
Perdoar é lindo, e não adianta falar que não importa com beleza, se você se maquia pra esconder quem realmente é. O mundo não é um playground, e grande parte das pessoas não deveria mais ser criança.
Tem dias que o som nunca está alto o suficiente, e noites em que o susurro, intencionalmente, nunca é baixo demais, ou não era pra ser.
Acorde, ou morra tentando.

- Cut ∆way.

Cássia Eller - Todo o amor que houver nessa vida


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia...
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...
E algum..

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Lá vem, ou já está.


Então avista-se ao horizonte a figura distorcida pelo calor daquela dama que todos dizem chamar Amnésia. Lá vem essa dama que se aproxima, e quanto mais ela vem, mais as figuras de fundo tornam-se embaçadas. A dama do rosto desfigurado, eles dizem, uma bela mulher que se tornou atormentada por não lembrar de si mesma, uma mulher que perdeu seu eu, seu ser, e agora sente prazer em desfigurar também a imagem dos outros.
Mas essa dama é apressada, o trabalho dela é arduo e precisa ser rápido, mas nunca é eficiente o suficiente. E lá vem de novo, outra figura no horizonte que agora, pelo calor, engana os olhos com imagens promissoras de paraísos inexistentes. O chão, coberto de combustível, exala um odor alcoólico característico e despertador de lembranças. Sim, agora vem a segunda parte, e uma segunda figura surge distorcida por entre as promessas de céu. Ela vem agitada, sacudindo os braços e dissolvendo as miragens a sua frente, mas não todas. Essa tem um nome bonito, mas praticamente imperceptível a ouvidos nus, ela se chama Consciência. Vários metros de altura, forte como um touro, arrebatando tudo pelo caminho. E ela marcha, com sua armadura que impede a real visão de seu corpo. Nunca se sabe se está realmente limpa, suja, bonita, feia. Ela é, e sempre será, a visão de uma casca que aparenta inquebrável.
Algumas miragens continuam quando ela passa, a maioria some. E o observador, cercado de gasolina, espera o momento certo de acender o isqueiro em sua mão e descobrir quais são reais, pois a Amnésia o deixou sem saber se ele só tem uma chance de queimar tudo.
O momento virá, e as mudanças, também.
Não confunda mudar de idéia, com não saber o que ter uma idéia significa.
Todo mundo diz que o pior caminho é aquele contrário ao nosso próprio, sem nem mesmo saber se de fato o é, sem nem mesmo entender qual pensa seguir.

- Cut ∆way.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Puscifer - Momma sed


Wake up son of mine
Momma got somethin' to tell you
Change is come
Life will have its way
With your pride, son
Take it like a man

Hang on son of mine
Storm's blowin' up your horizon

Change is come
Keep your dignity
Take the high road
Take it like a man

Listen up son of mine
Momma got something to tell you
All about growin' pains
Life will pound away
Where the light don't shine, son
Take it like a man

Suck it up son of mine
father blowin' up your horizon

Change is come
Keep your dignity
Take the high road
Take it like a man

Mamma said life awaits
Like a kidney stone
Its just a broken heart son
This pain will pass away

domingo, 11 de abril de 2010

Ação, sem reação.



O agir pra melhorar é a mais densa das possibilidades dessa vida. Saber olhar para o passado e analisar a si mesmo e suas consequências dá para si uma certeza, a de que mesmo que não tenha feito o que supostamente deveria, pode-se mudar e ainda testar novas teorias.
Estar pronto pra deixar de ser o que era cômodo é um exercício pesado e gradativo, no qual se absorve tudo que não poderia ser absorvido antes, e admite-se o que não poderia ser admitido. A dor de ver mudados tudo o que foi dito e prometido por realidades reaviva velhas certezas de que, por mais que se tente embelezar a teoria, tudo na prática apresenta formas adaptadas ao ambiente. Perceber os erros e aprender com eles está embutido em qualquer maneira de felicidade sustentável. No fim a vida se apresenta como uma grande tentativa com sucessos parciais, há de se saber usá-los para o bem dos que se ama. Tentar e falhar, nunca desistir, saber o que esperar sem se magoar com resultados falhos. Saber perder e saber também, porque não, ganhar.

- Cut ∆way.

Dedo de Moça - Por um



A história são sempre fatos, a se contar
Uma vida dispõe de atos, a acabar
Sobre um amor, ou sobre um lugar
Sobre rocha fina, floram só fantasias
Falar de vida em poesia, é como falar do ar
O amor pelo compasso, dita discurso irregular
Ia sempre um fio, disposto a se quebrar
Ia sempre um mil, de coisas pra se pensar
Alguém sempre está atento, às cordas do violão
Atento ao seguimento, disposto a jogar ao chão
Se pôs em movimento, um simples refrão
Que vive no sofrimento, escorado pelo coração
Ah, delícia se viver, tentando assim cantar, algo pra ser feliz
Sendo só, prazer, amor em gozo, sem ter alegria no bolso
E um samba pra terminar
Vida e força, pro fim, dessa vida despojada, dessa vida descarada, desse amor, pelo time.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

De fora.


-A questão é quase filogenética, eles são humanos e todos tem vícios e surtos. Se machucam e se doem ao menor sinal de fogo.
-Mas como eles podem fugir disso então?
-Ouvi dizer que existem alguns que amam. Esses espécimes machucam mais, mas tem o poder de curar, equilibrando a balança. Ouvi dizer também que alguns tem amores tão arrebatadores que quase acabam com a vida do próximo, mas, que ao curar, parece devolvê-la em dobro com o preço de um par de lágrimas.
-Mas porque se ocupam com isso, se me parece muito mais simples não sentir nada, como fazemos?
-Não diga besteira, nós somos apenas metáforas. Somente na abstração nada pode ser sentido, e tudo pode ser ilustrado. As cores e as dores as vezes são frias, as vezes são quentes demais, mas acredite, sempre são cores, e sempre serão dores.

- Cut ∆way.

Titãs - Porque eu sei que é amor

Porque eu sei que é amor
Eu não peço nada em troca
Porque eu sei que é amor
Eu não peço nenhuma prova

Mesmo que você não esteja aqui
O amor está aqui
Agora
Mesmo que você tenha que partir
O amor não há de ir
Embora

Eu sei que é pra sempre
Enquanto durar
E eu peço somente
O que eu puder dar

Porque eu sei que é amor
Sei que cada palavra importa
Porque eu sei que é amor
Sei que só há uma resposta

Mesmo sem porquê eu te trago aqui
O amor está aqui
Comigo
Mesmo sem porquê eu te levo assim
O amor está em mim
Mais vivo

Porque eu sei que é amor