terça-feira, 18 de maio de 2010

As paredes dizem.


O orgulho ferido, a arma carregada. O torcer para que a morte do alvo venha, para que ele se aleije. O receio do corpo inerte se levantar.
Podem ferir o corpo, a casca.
Mas a idéia pouco se machuca.
Uma, duas, três pichações e ainda há falta de nexo.
O tambor quase vazio.
A lua, invisível pelo sangue nos olhos, minguante. Logo, estará nova, logo estará crescente, estará cheia, e um dia minguará novamente.
É natural.

Quem procura acha, e o corpo inerte, agora cutucado, desperta a emoção da caça abatida, e você pode se servir.
Alimente-se, vá digerir, use a energia, seja promíscuo, se reproduza, elimine, defeque junto com as caças anteriores, e deixe ir. Só não ache que é invulnerável, até o mais forte dos caçadores pode ser caçado, e pode-se achar que é mais forte do que realmente é. E assim como suas crias, seu corpo também alimentará quem quer que seja.
Paciência, um dos diversos dias é deles.
Esbanje, mate a gula, porque esses dias passam. Seja primitivo e viva apenas o imediato.
Mas outros dias virão.

Não há vergonha em dizer que está triste. Não há vergonha em admitir que nem tudo nesse mundo pode ser vingado, ou que mereça. A vergonha está nos olhos de quem vê.
Às vezes se esquece, às vezes se releva, acaba-se lembrando a todo momento apenas do que não era real, do que a memória precisava gravar, para manter a ilusão.
A vergonha está em esquecer que a vida dói, e que é preciso pouco esforço para fazê-la doer mais. Mas, se a paz é fruto da guerra, sinto muito.
Quem traz a guerra à porta dos outros, vai sentí-la, e vai perceber que certas batalhas, por mais que tenham sido vitoriosas, não deveriam ter sido lutadas.
Isso vai doer, e assim como agora, no fim, tudo parecerá não ter sentido, mas o terá.


- Cut ∆way.

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