segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sonífero. [poema]


Não vejo o mundo com os mesmos olhos
Não me vejo no espelho como deveria
Espero a vida me causar mais uma virada
Fico à deriva do destino que me pega do nada

Tudo às vezes se torna tão óbvio
Nada, às vezes, fica visível
Porque nós estamos aqui se é ali que acontece?
Me dê uma razão para eu escapar
Mas não me fale como irei fazer

Nunca precisei tanto que encontrasse
Nunca quis tanto me jogar
Às vezes, pareço preso em uma armadilha
Como mais um perdido que cai
Demorei para perceber e nunca vou entender

Agora nada significa
Alguém tem coragem?
Não quero acordar
Mas nem penso em viajar


_Felipe Cusiano

Em grande parte, escrito às 7 da manhã.

Eu sou assimétrico.
Até quando desenho um quadrado, sem régua, cada face tem um desenho diferente, e cada desenho é mais ou menos detalhado que o outro. E apenas três faces se mostram.
Muitas vezes, a dor de uma topada no dedinho é quase identica a de uma facada no coração. E pelo que me lembre, já levei e dei mais facadas que topadas.
O que muda é o espectro, a incapacidade de se desvencilhar de tal dor.
Já menti, já difamei, já esperneei, já fiz de tudo que pode ser chamado de feio. E já fiz por onde me redimir.
Mas, por outro lado, também já fiz de tudo que pode ser chamado de bonito, pra compensar, por pura vontade, pra começar algo, só que essas coisas levam mais tempo pra voltar à memória, ou são ignoradas e esquecidas, mergulhadas na raiva.
Eu sei que quando se está confuso, as palavras usadas são confusas. Isso se mostra claramente também nas atitudes e assuntos já conversados que voltam a aparecer, por esforço, não por naturalidade. Eu sei porquê já fiz isso, fui e ainda sou incoerente, e por isso posso falar.
Palavras tem siginificados, por isso as escrevo. Por mais que pareçam confusas na hora, depois elas se mostram como ouro que é peneirado do barro.
Ninguém sabe da missa, mais do que o terço, muito menos eu. A diferença é aceitar e enxergar o que o terço tem a dizer, e não o que os outros dois te incitam a deduzir.
E vá por mim, nenhuma dor é exclusiva, todos podem e vão sentir certas coisas em determinadas situações, ainda mais quando se procura entrar nelas.
A solução é saber, perceber, ver sem querer ver, mas procurar e depois voltar com o ciclo, é falta de respeito consigo mesmo e com sua memória.
Tudo parecia certo, sabia-se que certas atitudes seriam tomadas e cada um levaria sua vida pra um lado. Só não sabia quem ia levar cada vida pra cada lado, mas esse 'sabia' é conjugado no passado, e se agora se sabe, não adianta ignorar e verborragiar. Não existe possibilidade de não esperar que depois de certas frases desferidas, não aceitar que as coisas mudem.
Todo mundo sabe, ninguém quer enxergar. E certas coisas invariavelmente vão para o lixo.
E quem tem a fama, nem sempre foi quem comprou as vacas.
Em certo momento da minha vida, entendi que tinha nascido. Daqui a muito tempo, espero conseguir entender que morrerei, e que isso é um fato. Bem ou mal, tudo termina.
Mas o que acontece no meio desses dois pontos, é meu.
Eu sou meu.

- Cut ∆way.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Em fim.


Rir distrai, sorrir acalma, chorar estressa, e a vida alivia e aperta, esquece e lembra, machuca e as vezes até mata, mas bem cuidada, pode até curar. A perda muitas vezes, nos faz viver melhor.
Saudade dói, distorce.
Mas só quem não viveu, não sofreu.
Tá piegas.

Tá sofrido.
Tá vivido, e vívido.
Desbotará. E fim, enfim.
E quanto à paz? Essa eu desconheço, só conheço a calma, só conheço a cama na qual me deito, nos piores e melhores dias.
Muita pessoalidade, pra poucas pessoas.
Que seque o sangue, que estanque a ferida, pois lá vem a lâmina novamente, cortar tudo de novo.

- Cut ∆way.

The Who - Behind blue eyes

No one knows what it's like, to be the bad man

To be the sad man, behind blue eyes
No one knows what it?s like, to be hated
To be fated, to telling only lies

But my dreams they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

No one knows what it's like, to feel these feelings
Like I do, and I blame you
No one bites as hard, on their anger
None of my pain or woe, can show through

But my dreams, they aren't as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance, that's never free

When my fist clenches, crack it open
Before I use it and loose my cool
When I smile, tell me some bad news
Before I laugh and act like a fool

And if I swallow anything evil
Put your finger down my throat
And if I shiver, please give me your blanket
Keep me warm, let me wear your coat

No one knows what it's like, to be the bad man
To be the sad man, behind blue eyes


terça-feira, 18 de maio de 2010

As paredes dizem.


O orgulho ferido, a arma carregada. O torcer para que a morte do alvo venha, para que ele se aleije. O receio do corpo inerte se levantar.
Podem ferir o corpo, a casca.
Mas a idéia pouco se machuca.
Uma, duas, três pichações e ainda há falta de nexo.
O tambor quase vazio.
A lua, invisível pelo sangue nos olhos, minguante. Logo, estará nova, logo estará crescente, estará cheia, e um dia minguará novamente.
É natural.

Quem procura acha, e o corpo inerte, agora cutucado, desperta a emoção da caça abatida, e você pode se servir.
Alimente-se, vá digerir, use a energia, seja promíscuo, se reproduza, elimine, defeque junto com as caças anteriores, e deixe ir. Só não ache que é invulnerável, até o mais forte dos caçadores pode ser caçado, e pode-se achar que é mais forte do que realmente é. E assim como suas crias, seu corpo também alimentará quem quer que seja.
Paciência, um dos diversos dias é deles.
Esbanje, mate a gula, porque esses dias passam. Seja primitivo e viva apenas o imediato.
Mas outros dias virão.

Não há vergonha em dizer que está triste. Não há vergonha em admitir que nem tudo nesse mundo pode ser vingado, ou que mereça. A vergonha está nos olhos de quem vê.
Às vezes se esquece, às vezes se releva, acaba-se lembrando a todo momento apenas do que não era real, do que a memória precisava gravar, para manter a ilusão.
A vergonha está em esquecer que a vida dói, e que é preciso pouco esforço para fazê-la doer mais. Mas, se a paz é fruto da guerra, sinto muito.
Quem traz a guerra à porta dos outros, vai sentí-la, e vai perceber que certas batalhas, por mais que tenham sido vitoriosas, não deveriam ter sido lutadas.
Isso vai doer, e assim como agora, no fim, tudo parecerá não ter sentido, mas o terá.


- Cut ∆way.

Lynyrd Skynyrd - Still unbroken


Broken bones, broken hearts
Stripped down and torn apart
A little bit of rust
I'm still running

Counting miles, counting tears
Twisted road, shifting gears
Year after year
It's all or nothing

But I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
No there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
But I'm not dead, at least not yet
Still alone, still alive
Still unbroken
I'm still alone, still alive
I'm still unbroken

Never captured, never tamed
Wild horses on the plains
You can call me lost
I call it freedom

I feel the spirit, in my soul
It's something Lord I can't control
I'm never giving up
While I'm still breathing

I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
No there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
I'm not dead, at least not yet
Still alone, still alive
Still unbroken
I'm still alone, still alive
Still unbroken

I'm still unbroken
Still unbroken

Like the wind, like the rain
It's all running through my veins
Like a river pouring out into the ocean

I'm out here on the street
But I'm standing on my feet
Still alive, still alone
Still unbroken
Yeah!

I'm not home
I'm not lost
Still holding on to what I got
Ain't much left
Lord there's so much that's been stolen

Guess I've lost everything I've had
But I'm not dead, at least not yet
Still alive, still alone
Still unbroken
I'm still alone, still alive
I'm still unbroken
I'm still alone, still alive
Still unbroken

I'm still unbroken
I ain't never going down
I'm still unbroken

terça-feira, 11 de maio de 2010

O corte, a cura.


Certa vez, um texto foi escrito. E esse texto, por sua vez, acabou por ser apagado. O motivo, hoje desconheço. A palavra lançada é uma faca de dois gumes, e o escritor deveria ter sido rasgado também. Espero que tais linhas não se percam na memória. A raiva, ou grande parte dela, contida naquele texto concluirá sua função, e se tornará mais indiferença, desapego. O primeiro amor veio, o segundo também. O coração rasgou, cicatrizou, calejou. Mudou de forma, de velocidade, de funcionamento. Mas ainda não parou de funcionar. Os erros se mostram, as miragens são queimadas pouco a pouco enquanto outras apontam no horizonte, é natural.
E o tempo a se esperar se torna essencial.
Só recue o suficiente, e nada além disso.
Além disso, é só arrependimento e mais sofrimento, mais energia gasta, e mais uma memória a ser recalcada.
O solo cáustico continua sendo a melhor maneira de infertilidade, mas até o mais infértil dos solos parece ter valor.

- Cut ∆way.

Vanguart - Para abrir os olhos


Eu devo ir
Não há mais sentido
Nos resta se juntar

Quem sou eu
Já não importa
Nem nunca importou

Que importa é o que te quebra em duas cidades
Que importa é o que te deixa tão transfuso

O que é a dor eu não entendo
Mas sinto apertar de leve o meu peito
Nas madrugadas quando estou a navegar

Faz quarenta dias que eu estou no meu barco a vela
Não me sinto tão sozinho, eu tenho meus amigos
Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu bebo

Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu bebo
Só aparecem quando eu não sou eu
E hoje eu não...

Que importa é o que te faz rachar as velas
Que importa é o que te faz abrir os olhos de manhã

Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Adeus, já é de manhã
A estrada espera
Já é de manhã

Adeus, já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã
Já é de manhã..

terça-feira, 4 de maio de 2010

A porta, entreaberta.


A tristeza bate na porta.
A maldita tristeza vem bater a porta.
Você aumenta o volume.
Ela continua batendo à porta, mais alto.
Você tenta ler alguma coisa, mas o som ligado não deixa.
A tristeza aumenta a força, só pra te irritar.
Você, iludido, acha que ela vai embora, então pra não incomodar, aumenta o volume do som e vai fazer sua janta.

A tristeza se irrita, e bota a porta no chão, furiosa, e destroi sua casa.
Vai dar trabalho, uma mudança as vezes é necessária, você podia estar enjoado da rotina e dos mesmos objetos sempre, só que a tristeza não para até quebrar tudo, e você vai sentir falta de algumas coisas, e vai chorar e ficar impotente, agachado no meio dos destroços.
Pela porta arrombada, vão entrar muitas outras coisas que em vez de agredir só sua casa, irão te agredir também, ou te fazer agredir outras pessoas.
Isso terá consequências, você é inimigo da tristeza, ela vai jogar tudo que ela tem contra você, e você, sem lar, sem apoio, ou vai apanhar até ela cansar de te bater, e vai entrar em um ciclo vicioso que não te levará a lugar nenhum.
A tristeza é uma visita social. Se ela vier a primeira vez, atender a porta é a melhor opção.
Pergunte como ela anda, pergunte de sua rotina, lhe sirva um drinque, um café. E quando tiver saturado dela, peça educadamente para ela ir embora. Quem sabe um dia, ela possa até te ligar antes de vir te ver, se brincar ela roubará algumas coisas da sua casa, dará seu endereço pras outras desgraças da vida humana, tudo pode acontecer. Mas com sua casa inteira, com você escolhendo o que fica a mostra pra ser roubado, escolhendo se vai deixá-la segura, ou se vai vender tudo e viajar, as coisas serão mais tranquilas e mais saudáveis.
O poder de escolha é inebriante, e o poder de enxergar através da mesma é a capacidade mais dificil de ser lidada.
Mas, ao fazê-lo, você terá motivos e razão para, inclusive, se achar que é necessário, agredir quem ama, com base para tanto.
Mas do contrário, será alguém com a marca da hipocrisia, que fala alto só porque tem alguém falando alto, que reclama, só porque dá razões pessoais para abordar alguém e apontar o dedo na cara. Será uma pedra que só é jogada pra todo lado, se esfacelando sem nem perceber.
A agressão também é uma face do amor, mas é a face do amor desfigurado, do amor mimado, que se consome na raiva e na culpa. Um dedo apontado levanta muita sujeira, causa asco, nojo, rejeição, e só é apontado pros outros pra distrair as atenções de si mesmo.
Um dedo em riste é a virtude dos hipócritas.

Ninguém é culpado pelo que você faz, a culpa é sua, e só sua, engula ela como quem toma remédio, como quem toma veneno pra se tornar imune. Se for bater, lembre-se de que está se expondo a apanhar também, se for bater, não assopre depois. Se for bater, esteja preparado pra apanhar de volta, quem bate se torna dependente da capacidade do outro revidar, quem bate depende.
Perdoar é lindo, e não adianta falar que não importa com beleza, se você se maquia pra esconder quem realmente é. O mundo não é um playground, e grande parte das pessoas não deveria mais ser criança.
Tem dias que o som nunca está alto o suficiente, e noites em que o susurro, intencionalmente, nunca é baixo demais, ou não era pra ser.
Acorde, ou morra tentando.

- Cut ∆way.

Cássia Eller - Todo o amor que houver nessa vida


Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós, na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente nem vive
Transformar o tédio em melodia...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno anti-monotonia...
E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio
O mel e a ferida
E o corpo inteiro feito um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente, não
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria...
Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia
E algum veneno anti-monotonia...
E algum..