quinta-feira, 24 de maio de 2012

Em negro vermelho.


Abriu os olhos como se pudesse enxergar.
Moveu as mãos uma sobre a outra, passando os dedos por entre os mesmos.
Nas rugas de seus olhos se espremeu uma lágrima.
Salgada.
Nas valas de sua pele o sal passou e reescreveu arduamente sua história.
Disseram a ele que sua vida passaria no fundo de sua retina, mas não passou.
Tudo o que passou pela sua retina foi metal enferrujado.
Haviam pregos nos seus olhos, e na mão do torturador, um martelo.
Júri, juiz e executor, e ele, entre tantos outros réus.
A lágrima desceu e ardeu até o momento que se espalhou no fio de uma lâmina.
Haviam pontos finais de sal na sua garganta.
Réu.
Júri.
Juiz.



Executor.

- Cut ∆way. 

2 comentários:

Isabel Gripp disse...

Dá pra sentir o gosto de metal, sal e lágrima.
O trabalho de um autor é emocionar.
E você conseguiu.

Isabel Gripp disse...

Dá pra sentir o gosto de metal, sal e lágrima.
O trabalho de um autor é emocionar.
E você conseguiu.