terça-feira, 8 de maio de 2012

Atoa.


Não me deram um deus, logo não tenho um, é matemática básica.
Até tentaram me dar seres parecidos com um, mas eu não tinha mãos para segurá-los, eu era tão pequeno e todos me pareciam tão pesados.
Eu dormia na igreja, e ria, mas não ria porque achava engraçado, eu ria como se ri em um elevador.
E até acredito que o tal prédio pontudo fosse pra funcionar como um.
Mas não dá muito certo, dá?
Por muito tempo as coisas não foram tão claras assim.
Eu me lembro de dizer que não acreditava no padre aos seis, mas nem se algum dia disse algo do gênero de fato.
Aos onze a imagem do ser barbudo sumiu, e só sobrou fumaça.
Aos dezessete eu parei de rezar sozinho no escuro.
Ou talvez, quem saiba, tenha sido mais tarde.
Talvez pouca gente amada tenha morrido, talvez meu videogame e meus desenhos tenham sido minhas muletas.
Quem sabe eu não tenha sofrido o suficiente.


Quem sabe, no fim, eu tenha que morrer.
Morrer para crer.


- Cut ∆way.

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