terça-feira, 6 de maio de 2008

Demasiadamente


Eu por tantas vezes, demasiadamente esperançoso da realidade, demasiadamente crente no futuro e demasiadamente certo do presente, tenha me esquecido de mim, e das outras.
Toda vez que termina, o fundo do poço aumenta, toda doaçao e todo afeto trocado se transforma em indiferença, toda palavra de carinho, de preocupaçao demasiada transforma-se em sofrimento mal baseado, passageiro.
Nada me impede de desistir, mas existe uma força que me leva a seguir com minha crença, a força que impulsiona os tolos e apaixonados, os lucidos que se embriagam no cheiro da personificaçao do seu desejo, a troca de sorrisos sinceros, o beijo que esquenta a alma, o carinho que transforma as diferenças em meros detalhes.
Procuro em vão por aqueles que tem convicção, que nao se sujeitam aos horarios, que fogem da regra, aqueles que fazem de sua casa o real abrigo e que aparam todas as pontas soltas, e que nao a projetam nos outros sua falta de compreensao acerca de seu proprio ser, e que nao iludem com palavras tolas e impertinentes dos tolos apaixonados pela vida, e pela vida que tiveram a dois. Aqueles que se sujeitam a realidade se transformam em maquinas repetitivas de saudades interminaveis, de amores futuros.
Fraqueza minha, fraqueza sua, olhares nao se cruzam mais por pura aceitação tola do que seria certo. Falta força de vontade, falta paixao, e essa transforma-se cada vez mais em pressão, e saudade.
Retalhos aos pobres, e pobres daqueles que procuram linhas retas nesse caminhos tortos, pobre daquele que nao consegue se calar, pobres daqueles que insistem em jogar perolas, perolas aos porcos.
Não tenho vergonha de dizer que estou triste.
Não dessa tristeza ignominiosa dos que, em vez de se matarem, fazem poemas.
Estou triste por que vocês são demasiadamente lindos e certos de si, e não morrem nunca.


- Cut ∆way.

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