sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Parati.

Encostei em ti.
Mas encostei como se encosta em um fantasma.
Uma lembrança.
Um apego.
Encostei em ti querendo na realidade encostar no que houve de bom.
Encostei como quem procura ouro na água suja do rio.
Encontrei coisas brilhantes e chamativas, mas nada ganhei com isso.
Porque nada tinha valor.
O pouco ouro real que encontrei não lavou a sujeira das minhas mãos.
Agora tenho as mãos sujas e nada no bolso para oferecer.
Encontrei em ti.
Encontrei desonestidade e omissão.
Encontrei em ti, veneno.
Mas a realidade é que eu queria isso, você é um espelho sujo e torto pelo qual olhei e me admirei.
Porque meu reflexo ali se encontrava.
Encontrei ali frio para a alma.
Agora o sangue gelado se nega a esquentar, os dias enrijecem meus músculos.
Estou preso na teia tecida por ti, mas imaginada por mim.
No fim de tudo me encontrei em ti.
Encontrei em ti.
Encontrei em mim.

Ódio.
O mais amargo dos venenos.
Amor.
O mais doce dos venenos.

No fundo do mesmo copo.
Quebrado.
Sujo.
Porco.
Pérola.






Fim.

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